ARGUMENTO

Novo Argumento


06.06.2024




Número 179
Junho 2024, 36 págs.

Edição Especial: Um Cânone Cinematográfico Hoje? foi o mote da convocatória 2023 do ARGUMENTO, realizada em parceria com a Transit: cine y otros desvíos. Foram meses intensos, a reunir ensaios, críticas de cinema e vídeo-ensaios de Portugal e Espanha. Neste número, os primeiros resultados de uma convocatória aberta a estudantes e académicos, sem excluir outros participantes.

Índice de artigos
︎CÂNONE CINEMATOGRÁFICO: GESTO HERÓICO, NOSTALGIA FATAL
Por Luís Nogueira
︎O VELHO CINEMA NOVO
Por Fausto Cruchinho
︎DO CÂNONE À GENEALOGIA: NOTAS PARA OUTRA APROXIMAÇÃO POSSÍVEL AO CAMPO CINEMATOGRÁFICO
Por Elisa McCausland e Diego Salgado
︎CONSENSO & CONVERSA
Entrevista com Pedro Mexia e Àngel Quintana
︎SOBRE A DUVIDOSA VIGÊNCIA DO CÂNONE CINEMATOGRÁFICO
Por Carlos Losilla
︎TEM SENTIDO O CÂNONE ‘SIGHT AND SOUND’?
Por Guillermo Triguero
︎MY KINO CANON
Por Edgar Pêra
︎E ainda...
Bilhete-Postal: Cinema Rivoli & Cinema Empire - O Renascimento da Cultura e das Artes entre o Sul e o Norte do Líbano

ASSINAR O ARGUMENTO
É dos nossos leitores e associados do CINE CLUBE que dependemos.
Ajude-nos a defender a autonomia do projecto, tornando-se assinante.
Ou propondo a assinatura a um amigo.

Descubra como.

 

EDITORIAL
Toda a gente sabe que os melhores filmes de todos os tempos se reduzem a quatro ou cinco e qualquer pessoa no seu perfeito juízo sabe quais são. É possível destilá-los numa resposta pública? Somente se houvesse uma votação 1) 100% hermética e 2) 100% tirânica. Mas tal é impossível por vários motivos a começar pelo facto de a generalidade dos pensantes ser tão democrática que até o seu pensamento funciona exclusivamente em assembleia. Assunto encerrado? Não, há que problematizar.

AR DE MUSEU
O primeiro problema do cânone é análogo ao do museu. As coisas que guarda são curiosas, mas o espaço cheira um bocado a mofo. O Sr. Van Gogh, por exemplo, manifestou um dia ao seu irmão o desejo de que os seus quadros ficassem pendurados nas paredes das casas dos camponeses que retratavam. Como habitual, alguém que não percebia nada do assunto julgou que isso era um disparate e eis que as pinturas foram parar às paredes do museu.
Para chegar ao museu — onde repousam, guardados a laser, o cânone e outras coisas maravilhosas —, note-se, é vulgarmente necessário caminhar por ruas sujas ladeadas de edifícios desinteressantes. E por certo nunca o camponês teve tal privilégio.

BOLETIM DE VOTO
Para um ou outro assunto, o método democrático é mais um estorvo do que uma salvaguarda. Ou talvez isso seja mentira. Não temos bem a certeza, porque não consultámos a assembleia. Para o cânone tanto faz. De todos os cânones, o mais honesto poderia ser o de um tal Sr. Welles, que aconselhava os discípulos a manter os olhos virgens e a quem perguntaram quais os seus realizadores de cinema de eleição. «Eu prefiro os velhos mestres,
John Ford
John Ford
e John Ford.»
Quando se trata de perpetuar o cinema, não há margem para votação.

CAI O PANO
Para afugentar os mirones, uma cidade no Japão ergue um pano preto que tapa a vista de uma famosa montanha quase 4.000 metros elevada sobre a planície. Que subtileza, esconder o que está à vista de todos. Ao contrário das paredes do museu, que guardam o que está dentro, esta parede protege o que está fora. Movimento importante e nitidamente esquecido pelo génio humano. Seja como for, há que afastar os mirones.
Não é o sonho já tão ténue para que o sujeitemos a compartimentos? Afinal, o sonho do cinema, como todos os outros, nasce dentro para ser libertado e não ao contrário. Por outras palavras, o cânone parece ser arriscado deste ponto de vista: denuncia que um filme já foi visto por muitos, caso em que se torna difícil ser descoberto de novo.
Quando um filme se transforma numa montanha à vista de todos, talvez seja prudente erguer uma cobertura para, subtilmente, o esconder. Desse modo, um dia alguém teria a sorte de, com cândida certeza, o descobrir pela primeira vez.
Quer isto dizer que somos alérgicos ao cânone? Era só o que faltava! Como diria um ilustre colega: «Eu gosto de listas. Mesmo que seja para dizer mal delas.» Sábias palavras.

A DESAPARECIDA, JOHN FORD (1956)


ÚLTIMA PÁGINA

 My Kino Canon


A contribuição do homem-kâmara, Edgar Pêra




ARQUIVO
Entrevista à artista visual Ângela Romanito (edição 177)
Entrevista à música e artista visual Joana de Sá (edição 176)
Na edição 175 falámos com o ilustrador Mantraste!
Entrevista a Neil Gaiman por Edgar Pêra (para a série Cinecomix!!!)
Viseu, 1985, o primeiro ciclo dedicado a Pier Paolo Pasolini
Entrevista a Margarita Ledo, realizadora galega de Nación
Na edição 169 falámos com
Ana Eliseu!

A outra dimensão da conversa com Tommi Musturi (edição 167)...

Na edição 166 falámos com Dartagnan Zavalla!




 


O Cine Clube de Viseu oferece a todos a oportunidade de experienciar, descobrir e aprender mais sobre o mundo do cinema, audiovisual e cultura visual.
︎ Terça a sexta, das 9h30 às 13h00 
︎ Rua Escura 62, Apartado 2102, 3500-130 Viseu
︎ (+351) 232 432 760 
︎ geral@cineclubeviseu.pt