ESCOLAS

DIGITAteLier
Bem-estar Digital na Educação de Infância
O bem-estar na educação digital das crianças é entendido como um sentimento de satisfação física, cognitiva, social e emocional que lhes permite participar com entusiasmo e segurança em ambientes de aprendizagem digital. Significa que as crianças se sentem bem com as experiências que vivem com as tecnologias — que são desafiadas, compreendidas, respeitadas e estimuladas a aprender, imaginar e criar. Quando o bem-estar está presente, o uso de ferramentas e métodos digitais ajuda-as a desenvolver o seu potencial, a expressar-se com liberdade e confiança, e a agir de forma responsável e segura online, promovendo desde cedo a sua autonomia e cidadania digital.
Objectivos principais

︎Fortalecer a capacidade de professores, educadores e famílias: através de formação, co-criação de atividades e experimentação em contexto escolar, pretende-se dotar as comunidades educativas de ferramentas, conhecimentos e confiança para garantir ambientes digitais de aprendizagem ricos e equilibrados.
︎Informar e influenciar a política educativa: com base em evidência recolhida durante o projeto, serão desenvolvidas recomendações práticas e estratégicas para apoiar decisores políticos na promoção de abordagens digitais eficazes e inovadoras no ensino de infância em toda a Europa.
O DIGITAteLier procura, assim, unir investigação, prática pedagógica e impacto político para que as crianças aprendam, cresçam e se expressem de forma segura e criativa no mundo digital.
Os parceiros
Centro Zaffiria
(Rimini, Itália)
O Centro Zaffiria, fundado em 1998 em Rimini (Itália), é uma organização sem fins lucrativos dedicada à educação para os media, à cidadania digital e à criatividade. Desenvolve projetos que combinam literacia mediática, tecnologias digitais e metodologias lúdicas, dirigidos a crianças, jovens e educadores, e é uma entidade acreditada para a formação de professores. Produz recursos educativos como aplicações, livros digitais e kits pedagógicos, e gere espaços inovadores como o Centro Nacional Alberto Manzi e o LaVoratorio. Com uma forte presença em projetos Erasmus+, o Zaffiria promove pedagogias centradas na criatividade, na inclusão e na participação como fundamentos da educação contemporânea.

La Fabulerie
(Marselha, França)
A La Fabulerie, sediada em Marselha, é uma organização cultural e educativa que desenvolve experiências lúdicas que cruzam património, narração e criatividade digital, com foco em crianças e educadores. Promove uma abordagem sensível e de baixa tecnologia à aprendizagem digital, centrada na imaginação, co-criação e descoberta prática. Entre os seus projetos destacam-se o Le Fabuleux Musée, Maison (Re)connectée, Vivant.e.s e Unplugged, todos concebidos para facilitar o acesso significativo à cultura e às ferramentas digitais, incentivando práticas educativas inovadoras e inclusivas.

ArtedelContatto
(Roma, Itália)
A ArtedelContatto, fundada em 2010 em Roma, é uma organização dedicada à promoção da linguagem cinematográfica e da literacia dos media em contexto educativo. Desenvolve projetos em escolas para alunos desde os primeiros anos, através de festivais e oficinas práticas nas áreas de audiovisual, fotografia, podcasting, animação, escrita e análise de filmes, promovendo inclusão, criatividade e participação ativa. Tem como missão formar jovens espectadores críticos e conscientes, destacando-se projetos como SguardiAttivi (cinema e temas sociais), Mediascapes (Transmedia Storytelling na educação) e Cinema Inclusivo (criação audiovisual com enfoque na cooperação e inclusão).

Arte Urbana Collectif
(Sofia, Bulgária)
A Association Arte Urbana Collectif, sediada em Sófia, Bulgária, promove eventos culturais e educativos que incluem festivais, projecções comentadas, workshops, masterclasses, produções teatrais, residências criativas e fóruns dedicados à educação artística. A sua missão é revitalizar o diálogo cultural a nível local, nacional e internacional, apostando no envolvimento de públicos jovens e menos acessíveis e na criação de pontes entre arte, cultura e educação. Com uma forte componente de formação de professores, os seus projectos procuram ampliar o acesso à cultura em zonas suburbanas e rurais, estimular o pensamento crítico e reforçar a relação dos alunos com o seu meio através de práticas artísticas — em especial, o cinema — enquanto ferramenta educativa e social transformadora.

Cine Clube de Viseu
(Viseu, Portugal)
Fundado em 1955, o Cine Clube de Viseu (CCV) é uma organização cultural dedicada à divulgação, programação e educação cinematográfica. Com sede em Viseu, desenvolve uma atividade contínua que inclui sessões de cinema com curadoria, a organização do festival de curtas-metragens VISTACURTA e a publicação da revista ARGUMENTO, dedicada aos estudos criticos de cinema e à cinefilia.
Desde 1999, desenvolve o programa educativo Cinema para as Escolas, que envolve crianças e jovens em sessões de cinema, oficinas criativas e experiências práticas com animação e brinquedos ópticos, promovendo a literacia visual e a consciência digital desde a infância. Através de acções de formação, produção de filmes com estudantes e programas de capacitação para professores, o CCV aposta numa educação para os media que estimula o pensamento crítico, a criatividade e a participação activa no mundo digital.

Os próximos passos
Fase 1
Investigação
A fase de investigação do projeto tem como principal objetivo mapear e analisar políticas, estudos científicos e práticas existentes relacionadas com a educação digital e o bem-estar na primeira infância e no ensino básico, tanto nos países dos parceiros como noutros contextos europeus.
Este trabalho assenta em documentos estruturantes da União Europeia, como as Council Conclusions on Well-being in Digital Education (2022) e o Well-being in Digital Education Study (2023), garantindo o alinhamento com as prioridades atuais da UE e com uma abordagem baseada em evidência.
A investigação combina três dimensões: análise de políticas nacionais e europeias, revisão de literatura científica e identificação de boas práticas locais, especialmente aquelas desenvolvidas no âmbito de Ateliers Digitais dos parceiros. O foco recai sobre três áreas-chave: acesso e inclusão digitais; literacia mediática e resiliência à desinformação; e bem-estar cognitivo, emocional e social das crianças. Será dada especial atenção ao grupo etário dos 3 aos 6 anos e ao ecossistema escolar mais amplo, incluindo professores, educadores e famílias.
Este relatório servirá como base sólida para as fases seguintes do projeto, centrada na modelação e experimentação de soluções pedagógicas replicáveis.

Fase 2
Modelação
Desenvolvimento de um modelo coerente e flexível para promover o bem-estar digital na educação das crianças no pré-escolar e 1º ciclo. O modelo baseia-se na estrutura do Atelier Digital, que enfatiza a criatividade, a colaboração e o bem-estar geral das crianças em ambientes de aprendizagem digital.
O modelo integra recomendações a nível da UE e melhores práticas reconhecidas, juntamente com abordagens inovadoras e testadas no terreno desenvolvidas e implementadas pelos parceiros do projeto.
É projetado para ser adaptável, podendo ajustar-se a diferentes contextos educativos e necessidades locais; ser escalável e, uma vez validado, pode ser ampliado e implementado em larga escala, servindo como referência para outras escolas, redes educativas ou políticas públicas. Estas qualidades tornam o modelo adequado para promover o bem-estar digital infantil de forma inclusiva e sustentável.
Fase 3
Experimentação
Esta fase centra-se na conceção e pilotagem de módulos padronizados do Atelier Digital, testados em diversos contextos escolares de quatro países parceiros. O objetivo é avaliar de que forma estes módulos contribuem para o bem-estar digital, com enfoque em quatro dimensões fundamentais: cognitiva, emocional, social e física.
A experimentação articula uma abordagem de cima para baixo, orientada por diretrizes políticas desenvolvidas em fases anteriores, com uma abordagem de baixo para cima, ancorada na inovação pedagógica. Professores e educadores assumem um papel central, através de processos de investigação-ação, envolvendo-se ativamente com os alunos na co-criação de experiências de aprendizagem. Esta dupla perspetiva garante simultaneamente o alinhamento estratégico e a relevância prática no contexto da sala de aula.
Fase 4
Transferência e Disseminação
A fase final centra-se em assegurar a adoção mais ampla e com impacto a longo prazo do projeto através de uma estratégia dupla. Por um lado, os esforços de advocacia visam envolver as autoridades públicas, apoiando a adoção de políticas e permitindo a escala a nível institucional e nacional. Por outro lado, uma forte ênfase é colocada no desenvolvimento de capacidades, capacitando professores, famílias e educadores a tornarem-se multiplicadores activos dentro das suas comunidades.
A fase final do projeto foca-se em garantir a sua adoção alargada e sustentável a longo prazo. Por um lado, as ações de advocacia procuram envolver as autoridades públicas, promovendo a integração do projeto em políticas educativas e permitindo a sua expansão a nível institucional e nacional. Por outro lado, coloca-se uma forte ênfase na capacitação de professores, educadores e famílias, tornando-os agentes multiplicadores ativos nas suas comunidades.
Esta fase também procura ampliar o âmbito do ecossistema escolar, envolvendo actores-chave da comunidade, tais como bibliotecas, museus, centros educativos e serviços sociais, promovendo uma abordagem mais integrada do bem-estar que vai para além da educação formal.